Sobre

A Scajho

No início da década de 40, na cidade de Cruzeiro (hoje JOAÇABA), um pequeno grupo de instrumentistas uniu-se a fim de formar uma sociedade com finalidade única da cultura musical. Assim, era fundada em 03 de fevereiro de 1942, A ‘SOCIEDADE CULTURAL MUSICAL DE CRUZEIRO E HERVAL”. A sociedade se organizou e com a ajuda de abnegados foram feitas campanhas para angariar fundos, e empréstimos de instrumentos, pois a recessão, em consequência da guerra, não permitia gastos supérfluos. Após alguns meses de preparo, e muitos ensaios em horas de folga, a banda entrou em atividade e encantou. Os convites surgiam para os mais diversos acontecimentos na cidade: festas populares, religiosas e cívicas.

A dupla de compositores Roberto e Erasmo Carlos afirma: “não importam os motivos da guerra a paz ainda é mais importante que eles” (in “Todos Estão Surdos”, 1971). Após a II Guerra Mundial a música erudita sofreu violenta queda, causando o fechamento da maioria dos teatros nacionais e a dissolução da maioria das orquestras sinfônicas e grupos teatrais pelo mundo inteiro, com sérios reflexos em nosso país. A arte, sem dúvida, teve uma queda vertical. A música erudita estava praticamente esquecida no país. Por esse e outros motivos, após alguns anos, a sociedade cultural passou para a inatividade.

A partir dos anos 50, Joaçaba experimentou o crescimento econômico pelas atividades ligadas à triticultura e às madeireiras, o que projetou a cidade no Estado, e até no país, sediando em 1952, a “I Exposição Estadual do Trigo”, e em 1955 o “5° Congresso Nacional de Triticultura” e a “5ª Festa Nacional do Trigo”.

Alfredo Rudolfo Sigwalt, renomado Maestro e Compositor, desde 1952 à frente da entidade “Sociedade de Cultura Artística de Joaçaba e Herval d’Oeste”, elevou o nome de Joaçaba e região. Homem persistente, sempre acreditou que um dia o Teatro ficaria pronto, e nele teríamos oficinas culturais e um palco digno para os artistas se apresentarem. Pessoas muito especiais da nossa Comunidade continuaram esse trabalho, e hoje a cultura regional tem casa própria, “TEATRO ALFREDO SIGWALT” inaugurado em 30 de agosto de 2003, numa justa homenagem para perpetuar a obra do Maestro Sigwalt, homem que teve papel decisivo no desenvolvimento artístico de Joaçaba e região.

Nascido em Castro (PR), em 05 de outubro de 1915, Sigwalt era formado em Música, Orquestra e Teoria pelo Conservatório Dramático Musical de São Paulo; em Estudos Avançados de Harmonia, Regência e Cena Lírica pela Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro; em Ciências Sociais, Pedagogia e Sociologia, pela Universidade do Paraná; Filosofia Geral, Metafísica, Artes e Ciências pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Dominava os idiomas: francês, inglês, alemão, holandês, italiano e espanhol.

A vinda do maestro foi o fator que culminou para a organização de um movimento artístico que elevaria o nome de Joaçaba e região. Quando a professora Lucivani Gazzóla entrevistou Ronaldo Sigwalt para sua obra de pesquisa “SCAJHO – Patrimônio da Região de Joaçaba” (IOESC-2003) o filho do maestro soberano contou que o pai, “no início da década de 1940, começou a trabalhar na empresa Bayer do Brasil. Com um caminhão, viajava pelo sul do país para divulgar produtos. Esse veículo era equipado com sistema de som e projetor de filmes 16 mm. Ao chegar nas pequenas cidades estendia uma tela, numa edificação central, e reunia a população para ver filmes culturais, propagandas, e no final distribuía amostras grátis de aspirina e outros produtos.” Em Joaçaba essas sessões aconteciam no local em que hoje está o edifício Mendes. Foi assim que um rapaz de 17 anos, Aloisio Nehring, o conheceu, e anos mais tarde, já como presidente do Clube Cruzeiro, o convidou a vir para Joaçaba. Aqui, com o apoio financeiro de seu irmão Arthur e dos srs. Francisco Lindner, Alois Wieser, João Obojes, foi montada uma banda e o que veio depois entrou para a história!

Joaçaba, nessa época, gozava de uma representatividade política forte na Assembléia Legislativa do Estado e com o apoio de industriais e lideranças joaçabenses, o movimento cultural obteve incentivos materiais e liberação de verbas. Inclusive industriais, acreditando no potencial artístico da região contribuíram financeiramente por um determinado período, para que sob o comando do Maestro Sigwalt, fosse dado início às atividades musicais. A vinda do maestro foi o fator que culminou para a organização de um movimento artístico que elevaria o nome de Joaçaba e região. E ainda em fins de 1952 a orquestra já se apresentava com sucesso. Participaram músicos de toda a região, e os jornais noticiavam o bom desempenho da orquestra, fato que envaidecia o grupo.

Paralelo ao êxito da orquestra, o Círculo de Cantores Harmonia, criado oficialmente em 1959, também despertava admiradores, e por diversas vezes, orquestra e cantores eram convidados a apresentar-se nos mesmos locais, o que despertou a intenção de unir os dois grupos, formando uma única sociedade. Para denominar o grupo, com a fusão da orquestra e coral, achou-se por bem, no início, fazer uso do estatuto da Banda, que há muito tempo estava inativa. E o grupo artístico adotou o seguinte lema: “Uma Cidade vale pela Cultura de seu Povo”, por realmente acreditar que o nível cultural da população seria o parâmetro do desenvolvimento econômico e social.

Em 1963 foi reformulado o estatuto daquela banda criada em 1942 para adaptar-se às necessidades do momento, e alterado o nome para “SOCIEDADE DE CULTURA ARTÍSTICA DE JOAÇABA E HERVAL D’OESTE – SCAJHO” Tendo à frente o renomado Maestro e Compositor Alfredo Rudolfo Sigwalt, e após reorganizadas as estruturas, a SCAJHO novamente abrilhantou a região, promovendo belíssimas apresentações, pois possuía uma boa orquestra, excelentes solistas e um experiente e harmonioso coral.

Em 1967 o grupo artístico vivenciava seus “anos dourados” fazendo muitas apresentações pelo Estado. Neste ano Joaçaba também comemorava o seu “cinquentenário” e a apresentação mais esperada era a da filha mais famosa da terra, a “SCAJHO”. Para esta ocasião, a sociedade preparou um presente para a cidade, a composição: “ODE A JOAÇABA”, um poema sinfônico em 3 movimentos para solistas vocais, coro misto e orquestra sinfônica, com letra do Dr. Miguel Russowsky e música do maestro Sigwalt. Esta peça foi destaque em várias apresentações pelo Estado, caracterizada pela sua difícil execução.

O grupo manteve um programa de rádio, intitulado “Encontro marcado com a SCAJHO”, com o objetivo de divulgar o trabalho da sociedade cultural, atrair novos sócios e também informar o que acontecia em termos de música no país, além de brindar os ouvintes com músicas tocadas pela orquestra e coral. E através deste programa, foi lançada a campanha em prol da organização de uma banda de música municipal. Assim, a “Banda Carlos Gomes” tornou-se uma realidade e apresentou-se aos joaçabenses no desfile cívico de 07/09/1970. A SCAJHO sempre foi presença marcante nos encontros internacionais de corais, se destacando na “17ª Concentração de Corais da Liga Cultural Artística Alto Uruguai”, onde conseguiu o honroso 1° lugar da categoria “A”. Durante 44 anos, a sociedade joaçabense conviveu com o maior e mais importante incentivador dos movimentos culturais da região, o homem que foi o pai da SCAJHO: “Comandou o destino artístico da sociedade por mais de 40 anos, razão da existência do teatro da SCAJHO. Sem ele, culturalmente pouco existiria em Joaçaba e região.”

Tudo que aqui ele deixou não passou e vai sempre existir, por isso lembramos as palavras do saudoso Maestro Alfredo Sigwalt, fundador da SCAJHO: “Em todas as artes encontrarás Deus, já afirmavam antigos povos de civilização adiantada. É fácil constatar esta afirmação: basta olharmos aqueles – jovens, ou idosos – que dedicam parcela de seu tempo a alguma atividade artística, para verificarmos o quanto se sentem seguros, como estão em paz consigo mesmos, com a moral alta e felizes.” Estes, concluía o Maestro, “jamais formarão na extensa fila dos infelizes que vão às clínicas psiquiátricas em busca de cura através de musicoterapia.”

A SCAJHO se resumiu, nos últimos anos, na luta para a conclusão da obra do teatro, na tentativa de dar condições de uso à Casa da Cultura, que era requisitado por entidades para eventos, pois, mesmo em condições precárias, o Teatro vinha sendo utilizado para manifestações artístico-culturais da cidade, porém o seu uso era limitado devido aos perigos que uma obra inacabada oferece. A construção inconclusa, que chegou a ser intitulada de “elefante branco”, era alvo de vândalos que, inclusive, incendiaram um piano, patrimônio que pertenceu ao Maestro Sigwalt.

A SCAJHO, após 25 anos, viu o seu projeto finalizado no dia 30 de agosto de 2003, quando a obra foi entregue aos Joaçabenses e prestada uma justa homenagem à nossa Cultura e ao inesquecível Maestro Alfredo Rudolfo Sigwalt. Desde sua inauguração, através de parcerias, a SCAJHO, entidade mantenedora do Teatro Alfredo Sigwalt, vem mantendo acesa a chama da Cultura, promovendo e incentivando a Arte em suas várias áreas e proporcionando belos espetáculos à Comunidade local e Regional. Através de parcerias o Teatro, hoje, oferece, gratuitamente, oficinas de arte para centenas de alunos, tornando realidade o sonho do nosso saudoso Maestro Sigwalt, de ver o Teatro movimentado por crianças, jovens e adultos, ocupados com o aprendizado das artes, em suas diferentes modalidades.

A Entidade estimula a descoberta de novos talentos e cultiva os já existentes, e graças ao apoio financeiro dos dois municípios oferece, gratuitamente, diversas oficinas de atividades culturais e artísticas, para aproximadamente 500 (quinhentos) alunos ao ano, muitos deles oriundos de famílias que não teriam condições financeiras de arcar com os custos de um ensino desse nível, oportunizando o acesso à cultura e ajudando a aperfeiçoar os costumes e talentos trazidos do contexto familiar. Assim, ocupa o tempo livre desses jovens, contribuindo para a formação de cidadãos úteis ao afastá-los das más companhias e do envolvimento com a marginalidade, com a ociosidade, com as drogas, cumprindo assim aspecto social dos mais relevantes.

Alfredo Sigwalt um homem persistente que sempre acreditou que, um dia, o Teatro da Scajho ficaria pronto, e nele teríamos oficinas culturais e um palco digno para os artistas se apresentarem.

Certamente hoje o nosso Maestro está feliz porque viu pessoas muito especiais da nossa Comunidade se envolverem para dar sequência a esse trabalho. Alfredo Sigwalt um homem persistente que sempre acreditou que, um dia, o Teatro da Scajho ficaria pronto, e nele teríamos oficinas culturais e um palco digno para os artistas se apresentarem. Certamente hoje o nosso Maestro está feliz porque viu pessoas muito especiais da nossa Comunidade se envolverem para dar sequência a esse trabalho”.É uma enorme responsabilidade, cuja continuidade nos preocupa, afinal, os governos passam, mas a cultura precisa continuar, e a Scajho tem cumprido a sua missão.

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